domingo, 6 de fevereiro de 2011

Consórcio: Teste de Sorte

Com mais uma tentativa de expandir e facilitar a aquisição de crédito e lucrar mais e mais em cima de quem não tem muito, o consórcio foi inventado e posto em prática por funcionários do Banco do Brasil no início da década de 60. No começo, o consórcio era feito apenas para aquisição de veículos. O crescimento da indústria automobilística da época foi um dos grandes fatores do despertar da idéia e da prática desse sistema que teve início no Brasil conhecido inicialmente como “consórcio de veículos”, e depois levada a outros países. Hoje é possível contratar o serviço para muitos outros fins como, por exemplo, motocicletas, imóveis, aparelhos eletrônicos, e até cirurgia plástica.

Resumidamente, consórcios são grupos de pessoas ou empresas que possuem interesse comum num mesmo bem. Para os integrante desse grupo existe o valor do Bem, valor e quantidade de parcelas definida em contrato e todo mês. A cada mês uma pessoa tem a chance de ser contemplada e levar o bem para casa. A contemplação ocorre tanto por lance, quanto por sorteio. Claro, o consórcio também cobra “aquela” taxa de administração, que, apesar de ser baixa, não torna o consórcio a melhor forma de investimento. 

Pra ficar mais “palpável”, vamos exemplificar:
Digamos que eu tenha interesse em adquirir um veículo. Entro na internet e vejo que a fábrica "tal" está oferecendo um plano de consórcio para determinado carro e esse plano me atrai.
Entro em contato com a fábrica e sou encaixado num grupo com o mesmo interesse, e que também foram atraídos pelo consórcio

Estes grupos são formados da seguinte forma: A instituição responsável pelo consórcio é também a responsável pelo agrupamento de pessoas ou empresas que dividem o interesse em determinado produto. Cabe a você escolher o consórcio que melhor se enquadra às suas necessidades e preferências, e cabe à fábrica juntar o grupo com os interesses em comum.

As parcelas do consórcio são postas em contrato e são fixas, exceto quando há reajuste do bem, neste caso, havendo uma valorização do produto há um aumento nas parcelas, claro, para todo o grupo. Você não vai estar pagando o seu bem, e sim uma carta de crédito. E será esta carta de crédito que irá pagar o bem. Carta de crédito é um documento representativo do valor disponível para a aquisição do bem. Por isso, se houver algum tipo de reajuste, haverá aumento nas parcelas, para você poder ter uma carta de crédito que cubra o valor do carro.
Por exemplo, o veículo pelo qual me interessei é avaliado no valor de R$20.000,00. O grupo do qual faço parte, pagará 24 parcelas de R$833,33. Mas digamos que haja um reajuste deste veículo e no 3° mês é comunicado que no final destes 24 meses esse bem sofra uma valorização de R$1000,00. Esses R$ 1000,00 são divididos e anexados às parcelas restantes. 

Contrato assinado, então eu sou identificado através de um número, chamado cota. A cota me vai ser útil para o que de fato atrai no consórcio: O Sorteio ou o Lance.
A fabrica define um número “X” de entrega do bem antes dos término dos 24 meses para uma quantidade reduzida de participantes do meu grupo. A Contemplação é obtida através de Sorteio ou por lance nas Assembléias de Contemplação.
Digamos que o meu grupo tem 50 participantes e a cada mês 1 participante será contemplado, tanto por sorteio, quanto por lance.

Por sorteio: o candidato tem a sua cota contemplada e o candidato tem o direito de levar o automóvel antes dos 24 meses. O 1º sorteio é realizado na 1ª assembléia de constituição do grupo. A partir da 2ª assembléia a contemplação por sorteio ocorre mensalmente pela Loteria Federal.

Por lance:  O candidato oferece um adiantamento das parcelas. Vale quase como um leilão. Digamos que eu esteja no segundo mês do meu consórcio. Então eu dou um lance adiantando 4 parcelas, por exemplo. Isso daria R$ 3.333,33. Esse é o meu lance, se for o maior, eu também tenho o direito de levar o bem para casa. E claro, esse valor é abatido da minha dívida.

Como ofertar meu lance?
  • Pessoalmente no momento da assembléia
  • Via internet (Até 12 horas antes da assembléia utilizando-se da senha de acesso)
  • Via disk cota* (atendimento eletrônico)

De ambas as formas o Contemplado é comunicado sem nem precisar sair de casa.

Vale uma observação para ficar claro. Mesmo contemplado, o cliente continua pagando as parcelas ainda pendentes. Ele apenas tem o direito de levar o Bem.

Em geral, consórcios são uma opção interessante para pessoas que não precisam do bem imediatamente, visto que você pode ter a sorte de ser contemplado nos primeiros meses ou o azar de pagar até a última parcela sem conseguir a contemplação.

Porque não dá pra se entusiasmar tanto com o consórcio? 
De fato, você parcela um bem de alto valor sem juros, mas vamos analisar o consórcio junto à poupança e ao financiamento. As duas formas mais populares de compra.

Na poupança, aplica-se um valor todo mês até que o saldo acumulado atinja o valor do bem desejado. Neste caso, juros compostos jogam a seu favor, mas o bem só fica disponível ao final do período. Por outro lado, o valor total pago é menor que o valor do bem à vista, pois o saldo final da aplicação é composto pelos pagamentos, mas também pelos rendimentos da aplicação. Graças aos juros, mesmo que baixíssimos, você tem um montante final superior ao seu investimento inicial.
Exemplo: 
Se eu depositar os mesmos R$ 833,33 mensais para conseguir comprar o carro de R$ 20.000,00. Eu vou precisar de 23 meses (parcelas). Ou seja, os juros também me ajudam a conseguir o mesmo valor em menos tempo. Num automóvel, a diferença nem é tão grande. Mas quando o valor desse bem aumenta, compra de um imóvel por exemplo, esse tempo fica mais significativo.

O financiamento é quase a situação contrária. Recebe-se o dinheiro imediatamente, o bem é adquirido imediatamente, e paga-se a dívida mensalmente. Neste caso, os juros compostos jogam contra você e o valor total pago é consideravelmente maior que o valor do bem à vista.
No consórcio, se o participante for sorteado ou ganhar um lance logo no início, tem-se algo parecido com um financiamento a juros baixíssimos, pois o bem fica rapidamente disponível e o pagamento é feito depois.
Por outro lado, se o participante for dos últimos a serem contemplados, a situação se assemelha muito à poupança programada a juros zero, ou seja, péssimo investimento, pior que guardar dinheiro embaixo do colchão, pois ainda existem as taxas de administração.

Na verdade, consórcio é um plano de alto risco. Você fica muito à deriva da sorte. Talvez a maior vantagem do consórcio seja a pouca burocracia, a facilidade é interessante para quem tem dificuldade para obter um financiamento e tentar a sorte de conseguir o bem mais rápido do que se guardasse o dinheiro por conta própria, ou, apenas para quem não tem a disciplina de guardar dinheiro.

2 comentários:

  1. Yuri,

    Consórcios também pode ser uma ótima alternativa de investimentos, desde que o objetivo seja de longo prazo. No sentido de vender um consórcio contemplado com um ágio sobre o valor pago. Existem diversas pessoas que vivem desse mercado.

    No seu artigo o consórcio foi muito bem conceituado. Parabéns!

    Rafael Souza.
    http://www.debitoecredito.blogspot.com/

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  2. Sim!! Sim!! Excelente comentário!! De fato, ser contemplado, pode tornar o consórcio lucrativo e, claro, um ótimo investimento.

    Obrigado pelo acréscimo, Rafael!

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